Condenação


Sinopse

Na década de 1920, os Estados Unidos da América implementam a Lei Seca. Na sombra de Al Capone, proliferam gangues que dominam o tráfico de bebidas destiladas e que procuram sangue novo para recrutar.

Saído de uma comunidade açoriana do Massachusetts que produz aguardente em alambiques ilegais, o jovem Salvador Silver vai aprender as rígidas leis da delinquência com o trapaceiro Arthur Trato e vai envolver-se com os Morelli, uma família mafiosa. Mais tarde, cometerá delitos graves que o colocam ao lado dos anarquistas Sacco e Vanzetti, que seriam celebremente julgados e condenados à cadeira elétrica. Porém, terá sido Salvador Silver o verdadeiro responsável pelos crimes que levaram ao fim da vida destes dois italianos?

Nesta história baseada em factos documentados pela imprensa americana da época, o autor Pedro Almeida Maia traz à luz o percurso de um português imponderado, que foi, por um século, abafado pelo mediatismo de um dos casos mais estudados dos tribunais americanos.


Ficha técnica

Título: Condenação
Revisão: Joaquim E. Oliveira
Paginação: Ana Gaspar Pinto
Design da capa: Vera Braga
Foto da badana: Luís Godinho

1.ª edição: junho de 2025
ISBN: 978-989-577-404-3

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Recensão crítica

Condenação é a história dum emigrante açoriano nos EUA de há cem anos que ganhou celebridade pelas mais desafortunadas razões. A sua biografia romanceada assume foro literário pelo modo como o leitor é conduzido através dos meandros da sua vida — documentada por uma personagem narradora, advogado do protagonista principal e voz aparentemente tão fiável como capaz de informar leitoras e leitores tornados interessados nas circunstâncias muito específicas do lugar e da época onde se movem figuras tão famosas como foram Sacco e Vanzetti. Vale sobremaneira a pena mergulhar na narrativa deveras envolvente dum caso onde algo inesperadamente participam reais figuras portuguesas. O prazer desta leitura está à partida assegurado.”
~ Leonor Simas-Almeida

“Com um estilo próprio, uma segurança, uma clareza e até uma luminosidade que, por vezes, falta à nossa melancólica cabeça, sempre curvada ao peso do capacete, que é o nome pelo qual, na vida real, um açoriano trata aquela a que, para efeitos poéticos, apoda de bruma. (…) Um escritor de imaginário profundamente açoriano. Admiro o Pedro Almeida Maia (…) pela sua qualidade literária, que reflecte, sobretudo, a vontade de contar histórias, e histórias relevantes, de forma directa, pura, sem truques para maquilhar desinspirações nem malabarismos pretensamente intelectuais. (…) Só pode ter sido uma investigação longa, difícil, disciplinada e muito séria no seu compromisso para com personagens e leitores.”
~ Alexandre Borges, revista Filamentos [texto completo]

“Pedro Almeida Maia é o escritor da lonjura. Não como uma sina, que marca o destino dos personagens dos seus livros, mas como uma escolha deliberada que não conhece as limitações da geografia dos continentes. (…) Em Condenação, Pedro Almeida Maia combina, de maneira hábil, com destreza de escrita, factos reais, acontecimentos históricos, com ficção, efabulação, biografia ficcionada do personagem principal — Salvador Silver, um gangster fracassado. (…) Neste romance, de escrita límpida, temperada com fina ironia, de ritmo cadenciado, quase cinematográfico, numa saga literária, Pedro Almeida Maia constrói um universo muito próprio de personagens solitários, perseguidos pela errância, de almas desencantadas, de gente que vive a vida que faz a literatura: emigrantes que lutam para sobreviver, pequenos criminosos, prostitutas, artistas de circo, mafiosos, mulheres com casamentos infelizes, polícias corruptos, inocentes apanhados na complexidade do sistema judicial, famílias desestruturadas, mães que adivinham o mundo, um advogado com vocação de romancista.”
~ Pedro Bettencourt Gomes

“Pedro Almeida Maia brinda-nos com mais um objeto literário de grande oportunismo: a reescrita dos portugueses na América, neste caso dos açorianos. No seu inconfundível estilo, enredado entre a escrita cinematográfica e a descrição mais ou menos detalhada do que à volta se passa, vamos desconstruindo a solidez — melhor, a robustez — de mais este documento literário. (…) Este autor é, pelos melhores motivos, um dos raros exemplos da cultura açoriana que, pela sua tenacidade e talento, venceu a barreira do oceano e faz parte da vitrina de autores das grandes cadeias nacionais. (…) Condenação é mais um daqueles livros de cortar a respiração e revelar peripécias inauditas de um açoriano em terras norte-americanas.”
~ Luís Soares Almeida, Diário dos Açores [texto completo]

“Consagrado escritor açoriano, afirma-se como uma das vozes mais significativas da literatura insular contemporânea, e o seu mais recente trabalho (…) representa um exercício de ficção histórica notável pela sua articulação entre a pesquisa documental rigorosa e a elaboração literária. (…) Pedro Almeida Maia revela um profundo compromisso com a identidade açoriana e a sua projecção histórica, assumindo-se como um autor consagrado e figura incontornável do panorama literário. A sua mais recente obra agora lançada, Condenação, reafirma essa vocação, ao conjugar literatura e memória histórica, num registo narrativo que ilumina, com acuidade e densidade, um episódio dramático da diáspora açoriana no século XX.”
~ António Pedro Costa, Correio dos Açores [texto completo]


“Com oito romances já publicados, Pedro Almeida Maia soma e segue, num percurso de escrita bastante consistente. Com olhar atento e mão certeira, vai contando histórias, caracterizadas pela fluidez e frescura narrativas, sem adornos desnecessários, ele que nunca embarcou em semióticas da diegese do texto e que às escritas barrocas e gongóricas sempre disse não. (…) É um escritor com uma câmara na mão, pois parece dominar as técnicas e os dispositivos cinematográficos do flashback e do raccord, aplicando-os, de forma particularmente feliz, à técnica narrativa. (…) Pedro Almeida Maia, construtor de universos narrativos.”
~ Victor Rui Dores, Açoriano Oriental [texto completo]

“Empolgante desde as primeiras páginas. Tal como nos anteriores livros deste autor, o que ressalta é o cuidado nos pormenores, mesmo nos mais pequenos, quer em português, quer nos anglicismos utilizados, a busca pela perfeição em todos os detalhes continua a ser a pedra de toque do autor”.
~ Chrys Chrystello, Lusofonias [texto completo]

“Almeida Maia é esse escritor de ficção que investiga os factos, e depois imagina, em parte, o resto das suas histórias. Desfaz mitos, desfaz a ideia de sermos os trabalhadores silenciosos, cautelosos, sofredores. É o outro lado da nossa nossa suposta epopeia – a anti-epopeia da vida e do destino nas Américas do nosso sonho – a América também de alguns dos nossos desconhecidos sofrimentos. (…) O romance está estruturado a partir da inevitável influência dos thrillers americanos, cada frase a insinuar a eventual desmontagem dos mistérios da narrativa, da sorte de cada personagem. (…) A escrita deste autor não faz julgamentos, e muito menos contextualiza valores ou a ideologia do “sucesso” ou do “falhanço”. Conta uma história fascinante de página em página – essa América feita de transgressão e violência, da criminalidade que desde o seu início nunca esteve ausente, faz parte íntima dos que nunca aceitaram a escravidão que hoje se espalha pelo resto do mundo, que hoje todos nós fazemos por ignorar ou tolerar.”
~Vamberto Freitas, Açoriano Oriental [texto completo]

“A visão romântica da aventura da emigração desaparece, porque, por um lado, nem todos os açorianos que vão para a América têm êxito e, por outro, alguns não vivem de acordo com a moral de mínimos aceite pela generalidade da nossa sociedade, como é o caso do protagonista de Condenação. (…) É uma estória da diáspora açoriana num mundo surpreendente para muitos leitores. (…) O livro é interessentíssimo por várias razões que vão desde a descrição da sociedade americana da época e do seu funcionamento, ao lugar que nela teve o crime organizado. (…) Muitos outros motivos de interesse e reflexão encontrará o leitor nesta obra de Pedro Almeida Maia. Condenação é, como toda a boa literatura, uma reflexão sobre o ser humano. (…) Nele, Almeida Maia faz uma longa e profunda reflexão sobre o ser humano, na linha da grande literatura e da filosofia.”
~ José Henrique Silveira de Brito, Diário dos Açores [texto completo]

“É a partir da história real de um pequeno gangster açoriano nos Estados Unidos que Pedro Almeida Maia constrói Condenação, o seu mais recente romance. Com a América da Lei Seca como pano de fundo, este livro apaixonante mostra a dureza da realidade que a comunidade luso-americana teve de enfrentar nos primeiros tempos, mas também as oportunidades que a pátria de adoção oferecia e continua a oferecer.”
~ Leonídio Paulo Ferreira, Diário de Notícias [texto completo]

“Um exercício narrativo de rara beleza, em que o entretenimento próprio da intriga policial se articula com uma reflexão cultural de grande alcance literário. (…) O mérito de Pedro Almeida Maia reside precisamente na tensão que estabelece entre o documento e a sua criatividade. A narrativa é construída como romance histórico, convocando o real para pincelar as suas páginas com o desenrolar da história que pretende contar. A investigação, alicerçada em fontes de época, permite-lhe tecer uma verosimilhança histórica com ritmo narrativo, transformando um episódio de marginalidade social num palco de reflexão identitária que tanto se ajusta ao nosso ser de viver como açorianos em terras longínquas. Neste aspecto, a obra adquire um valor adicional para os estudos literários, ou seja, a presença discreta, mas decisiva neste romance dos usos e costumes tipicamente açorianos. (…) Assim, cada página converte-se em celebração da literatura açoriana, capaz de transcender os limites geográficos das nossas nove ilhas e inscrever-se nos debates da modernidade literária.”
~ António Pedro Costa, Atlântico Expresso

“Fascinante radiografia da nossa vida nas Américas e da nossa personalidade genialmente observada.”
~ Carlos Melo Bento, Açoriano Oriental [texto completo]

“É uma obra marcada por muita humanidade, nos aspectos mais felizes e nos mais dramáticos. Não existem muitos livros assim. (…) Na obra em análise eu diria que há tudo: sucessos e dramas, emoção e alegria, amor e contradição, reflexão e leveza, profundidade e humor, numa articulação muito bem conseguida. É uma obra marcada por muita humanidade, nos aspectos mais felizes e nos mais dramáticos. Não existem muitos livros assim. (…) O escritor Pedro Almeida Maia, além de outras, tem uma qualidade fantástica e que eu quero deixar bem realçada: sabe o valor da palavra e das palavras. Demonstra um excelente domínio da Língua Portuguesa e transpôs para essa sua obra uma extraordinária riqueza de vocabulário. (…) O já longo e valioso perfil profissional, académico e literário de Pedro Almeida Maia é conhecido e reconhecido. Ele é, para todos os efeitos, um distinto expoente da literatura açoriana, da literatura de significação açoriana ou da literatura portuguesa produzida nos Açores.”
~ Tomás Quental Mota Vieira, Diário dos Açores [texto completo]