
Sinopse
No ano da graça de 1873, o mundo pertence aos homens que cospem para o chão. Açorada por partir, Rosário oculta-se num enorme capote e capucho negro, tal como a maioria das mulheres. É uma adolescente irreverente, do contra, e desafia todas as convenções masculinas: rouba, corre descalça, luta com os punhos e até beija em público. No final do dia, lê Camilo e reza o terço com a mãe.

As Ilhas Adjacentes são um misto de encanto e de escassez, afastadas do Reino e das promessas da Coroa. Os engajadores brasileiros aliciam os açorianos a viajar para o Império, com promessas de riqueza. A família de Rosário entrega tudo o que possui e embarca na escuridão.
Mas a viagem no navio é calamitosa, uma nuvem de pessoas atoladas na própria imundície, e a chegada ao Rio de Janeiro oferece desafios inesperados. Rosário vive como uma escrava e vê o futuro esfumar-se. Perde o rumo, a virgindade e a esperança. Precisa de reagir, mas isso implica tornar-se uma pessoa totalmente diferente.
Ficha técnica

Título: A Escrava Açoriana
Revisão: Joaquim E. Oliveira
Paginação: Maria João Gomes
Design da capa: Vera Braga
Foto da badana: Paulo Goulart
Distinções: Plano Regional de Leitura
– 1.ª edição: junho de 2022
– 2.ª edição: outubro de 2022
ISBN: 978-989-9096-75-2
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Recensão crítica
“Se há uma literatura açoriana, que teve e tem em Antero de Quental, Vitorino Nemésio, João de Melo alguns dos seus maiores vultos, ela encontra agora em Pedro Almeida Maia uma das suas vozes para o futuro. Depois de ter lido a história de Rosário, compreendo bem melhor Antero, e Raúl Brandão, e todos os outros.”
~ Isabel Rio Novo
“Pedro Almeida Maia entrelaça o seu lirismo com o rigor histórico mais factual. (…) Como José Saramago, Pedro Almeida Maia inverte o teor da conhecida epígrafe de Eça de Queirós à Relíquia: ‘Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia’. Para Saramago, como o declara em O Ano da Morte de Ricardo Reis, como para Pedro Almeida Maia de A Escrava Açoriana, a epígrafe deveria rezar assim: ‘Sobre o manto diáfano da fantasia, a nudez forte da verdade’. Ou seja, a ficção ou a fantasia em primeiro lugar, o que Pedro Almeida Maia faz em absoluto, criando a personagem Rosário como centro da ação, ficcionando a sua ávida açoriana e brasileira, emprestando à ação um tom lírico (as cores, as paisagens, os sabores, a mestiçagem, as rezas, o pio do milhafre, frases retiradas de Amor de Perdição, o uso de metáforas irónicas na descrição das maiores desgraças, a aparente ingenuidade das prostitutas, como evidencia a sua amiga de cortiço, Fevereira, uma são-jorgense), depois, a envolvê-la (à ficção), dando-lhe substância, o rigor da história, mostrando, à João de Melo, como, nos finais do século XIX, a pobreza medieval grassava nos Açores e, à Jorge Amado, como a escravatura era praticada em negros e brancos no Brasil.”
~ Miguel Real [texto completo]
“A prosa de Pedro Almeida Maia consegue transmitir o que poucos escritores, em qualquer língua, conseguem: a palavra contida, as linguagens friamente oscilantes entre a narrativa escorreita e ao mesmo tempo significante a cada passo, abrindo sempre a imaginação do próprio leitor e levando-o a repensar as suas próprias origens identitárias plantadas entre Deus e o Diabo. (…) A luta pela liberdade e dignidade dos caídos, dos desprotegidos da História, faz de A Escrava Açoriana uma das mais vivas narrativas da nossa literatura pós-moderna. (…) Este é um outro salto literário não só luso, mas sim Lusófono, com letra maiúscula e com tudo o que isso implica. (…) A ruptura literária de autores como Pedro Almeida Maia, por sua vez, é feita da continuidade no espaço histórico da melhor literatura açoriana.”
~ Vamberto Freitas [texto completo]
“Veio para marcar a literatura e ficção nos Açores, neste ano de 2022. (…) A narrativa é de grande beleza por sua escrita escorreita, ágil e com movimentos crescentes. O emigrar, a travessia, a desumanidade, o trabalho escravo sem nunca vergar, o retorno. Sempre um contínuo crescer e construir-se. A arquitetura de uma mulher liberta de todas as amarras. (…) A Escrava Açoriana é um marco de ouro a assinalar os dez anos de vida literária de Pedro Almeida Maia. (…) A sua escrita e os seus argumentos literários penetram bem fundo na senda da intervenção e da afirmação identitária pessoal e colectiva que faz dos seus romances obras de referência com substrato social muito profundo.”
~ Santos Narciso [texto completo]
“Uma engenhosamente engendrada história contada por quem sabe do métier. (…) Uma narrativa de grande fôlego.”
~ Onésimo Teotónio Almeida
“O melhor romance dos Açores do século XXI. (…) Obra-prima da literatura açoriana e da história da emigração açoriana. (…) A originalidade e espontaneidade da protagonista fazem dela uma figura cativante e inesquecível, uma mulher açoriana e emigrante única. (…) Romance cujo léxico é rico e robusto, fascinante e desafiante.”
~ Rosa Neves Simas [texto completo]

“Quando a história de A Escrava Açoriana se fundir com Os Emigrantes (…), será tempo de concluir que a emigração é uma doença hereditária.”
~ Urbano Bettencourt [texto completo]
“Tem uma riqueza de vocabulário extraordinária. (…) O Pedro escreve muitíssimo bem e fez uma investigação brilhante. Tem uma história que nos emociona, que nos faz chorar, que nos faz ficar raivosos, que nos tira o ar, que nos apaixona, que nos faz rir, portanto, é um livro fantástico que se lê compulsivamente.”
~ Maria João Covas [vídeo completo]
“Tem uma garra e uma qualidade literária notável. (…) Rosário, o eixo de toda a trama, personagem que tem uma grandeza e uma densidade que a coloca ao nível de uma Margarida de Mau Tempo no Canal, embora de outra extração social e a viver noutra época. (…) A Escrava Açoriana é um grande romance que vale a pena ler e que, muito provavelmente, resistirá à passagem do tempo, o último e decisivo tribunal dos livros.
~ José Henrique Silveira de Brito [texto completo]
“Nada é forçado, nada é desfocado, nada é despropositado nesta narrativa empolgante, como já nos habituou o autor, que ara as palavras como quem cuida de colher filigranas. Um livro a não perder de um autor que tem de — forçosamente — almejar a lugar cimeiro da escrita contemporânea em língua portuguesa, eivada da riqueza única da açorianidade literária, de uma universalidade sem fronteiras.”
~ Chrys Chrystello [texto completo]
“Prosa de grande qualidade genética e de um estilo original no manejo da palavra (…) num espaço psicológico intenso. (…) Espantoso, impactante do princípio ao fim! Um enredo traçado em minúcias, fruto de cuidadosa investigação histórica do fenômeno migratório. (…) Um romance magistral, uma urdidura fantástica da vida tecida fio a fio, tal qual a renda de bilro. (…) No epílogo, a genialidade na arte de contar histórias permite que, a sensibilidade de Pedro Almeida Maia, faça A Escrava Açoriana se entrecruzar com Os Emigrantes, a bela arte pictórica de Domingos Rebelo. (…) Pedro Almeida Maia impressiona com seu domínio absoluto da arte de contar, a rica imaginação e a alma prenhe de sentimentos.”
~ Lélia Pereira Nunes [texto completo]
“Este é um romance soberbo e bastante original, sobre uma temática amplamente ignorada por grande parte da sociedade portuguesa. Chega redigido numa prosa elegante, escorreita, mas também muito precisa, rica e minuciosa, plenamente capaz de conduzir o leitor através daquelas que foram as mutações sociais, económicas e até mesmo políticas operadas em Portugal e no Brasil, na transição do século XIX, para o século XX. (…) Esta é uma história dura, talvez das mais marcantes de toda a emigração açoriana e portuguesa; uma história que tinha de ser contada e, mais do que tudo, uma história que não devia repetir-se.”
~ Telmo R. Nunes [texto completo]
“Mais um livro com uma boa história narrada por Pedro Almeida Maia. (…) Com talento, destreza narrativa e evocativa, cumpre o programa de capturar o leitor, dando-lhe informação sobre um período da História açoriana e fazendo-o seguir viagem, também como emigrante, com as personagens e as peripécias do seu trilho!”
~ Nuno Costa Santos [texto completo]
“Uma obra de temática açórica, mas simultaneamente universal. (…) Através de frases e expressões de uma beleza estilística e conotativa sem par na sua escrita anterior, numa redação maturada, solidificada, Pedro Almeida Maia faz de A Escrava Açoriana mote do sonho, da coragem e da autossuperação e, por tal, é um digníssimo representante de todas e todos as e os Rosário deste mundo que precisam de se reerguer.”
~ Paulo Matos [texto completo]
“Rosário, pela sua riqueza humana e fundura psicológica, é digna de entrar na galeria das grandes personagens do universo feminino da literatura portuguesa: por ser irreverente e insubmissa, suscetível e insatisfeita, complexa e enigmática, inconformista e inconformada, inadaptada e incompreendida, simultaneamente vítima e agressora, sempre em busca do amor, do sonho, da felicidade e de caminhos de futuro. (…) A Escrava Açoriana, escrito com fluidez narrativa, espessura evocativa, capacidade descritiva e uma muito atenta observação do humano, lê-se com aquele plaisir du texte de que falava Roland Barthes. A merecer por isso a nossa melhor atenção.”
~ Víctor Rui Dores [texto completo]
“A Escrava Açoriana, de Pedro Almeida Maia, escritor açoriano (para nosso orgulho) traz-nos os tempos do século XIX para o XX, e a vida vivida nos Açores, em especial o fenómeno da emigração, neste caso para o Brasil. (…) De leitura cativante.”
~ Ana Isabel D’Arruda
“Pedro Almeida Maia com a sua escrita escorreita e aliciante traz-nos a estória de um percurso migratório com regresso, mas sem sucesso material. Um percurso de enganos, abusos, escravidão, desumanidade, mas também de humanidade.”
~ Aníbal Pires [texto completo]
“O Almeida Maia traz-nos, desta vez, uma personagem forte e ao mesmo tempo frágil, decidida e em simultâneo dividida. Mas uma mulher de grande porte, sem dúvida.”
~ Patrícia Carreiro [texto completo]
“Pedro Almeida Maia veio para revolucionar a literatura açoriana. O autor tem crescido cada vez mais nesta arte e acho impressionante como a sua escrita melhora de livro para livro num tão curto espaço de publicações. Sabe adaptar-se e evoluir face à perspetiva e história que pretende contar. (…) A Escrava Açoriana não é apenas um livro sobre escravatura, é um livro sobre utopias, ilusões, dor e resiliência.”
~ Brenda F. Cabral [texto completo]
“Escrita vibrante, irónica, visual e às vezes remota nos seus açorianismos ocasionais.”
~ João de Melo
“O mais delicioso romance micaelense escrito neste século. (…) O mais fascinante romance escrito, nos Açores, em língua portuguesa.”
~ Carlos Melo Bento
“Mais um esplêndido livro de Pedro Almeida Maia. O ritmo narrativo deste romance prende o leitor desde a primeira página. Raramente, um escritor açoriano desturva as águas das marés que têm levado a vida das mulheres, do passado e do presente, a um ignóbil ostracismo. Parabéns, Pedro, por dares oportunidade às folhas perdidas de não vergarem o seu rosto, por nos estenderes horizontes, por não te renderes à tempestade patriarcal que continua a assolar o nosso arquipélago. Rosário é o jasmim branco dos esquecidos e cansados passos femininos que a História e o cânone literário teimam em omitir.”
~ Henrique Levy
“Descobri Almeida Maia e recomendo os seus livros. Escritos por um açoriano para os açorianos e para o mundo. Um grande escritor que honra a herança açoriana em todas as suas dimensões. Dentro e fora. Passado, presente e futuro.”
~ Carolina Matos
“Um fabuloso retrato social da época, não só dos Açores mas também do Brasil. Com uma escrita muito cuidada e pontuada de regionalismos açoreanos, o que me fez adorar ainda mais esta história. Vivemos, através de Rosário, a vida de tantas mulheres açorianas que lutaram por uma vida melhor. Foi o primeiro livro que li do autor e fiquei rendida.”
~ Patrícia Rodrigues [vídeo completo]
“Numa escrita cristalina, madura e peculiar, Pedro Almeida Maia tece, com singular mestria, este novo romance. Em verdade, desde a primeira página, ficamos cativos na teia feliz da sua extraordinária narrativa. É impossível que não nos doa a tumultuosa vida de Rosário: carregar o peso das sevícias, privações, a incerteza do rumo, e, sobretudo, perder o chão da Liberdade — indizível a coragem e força indómita de voltar à vida. Estamos perante uma obra notável; provavelmente um dos melhores romances que se publicaram em Portugal no ano em curso.”
~ Salviano José Silva Ferreira (José Efe)
“Pedro Almeida Maia é um grande escritor e A Escrava Açoriana constitui mais uma prova do seu talento literário.”
~ Sara Almeida Leite [texto completo]
“É, facilmente, até agora, o meu livro favorito do ano. (…) O Pedro utiliza um vocabulário riquíssimo.”
~ Henrique Pimenta [vídeo completo]
“A Escrava Açoriana, de Pedro Almeida Maia, incorpora relatos reais de uma época desafiada ainda pela escravatura (apesar da sua abolição de jure, mas não de facto) e pelas convenções masculinas, numa obra cujo roteiro, inspirado na emigração, enaltece o papel da mulher na essência dos atributos, expectativas e direitos inerentes à sua valorização nas dimensões pessoal, social e humana. Por sua vez, no plano existencial, é forte a mensagem que o autor nos deixa: a de uma açoriana desterrada da sua própria ilha que enfrentou a grandeza do oceano e aprendeu a confrontar as suas emoções através das ressonâncias afetivas próprias dessa sua condição.
Entusiasmante e apelativa, a leitura corrida desta obra é quase uma inevitavilidade, de tão difícil que se torna interrompê-la (dada a riqueza do enunciado narrativo, o alinhamento das personagens e a sequência dos acontecimentos e ações da própria narrativa).”
~ Ermelindo Peixoto
“Discurso amplamente sinestésico e cruelmente objetivo. (…) Quem se quiser aventurar com uma personagem pobre, inteligente e ambiciosa (…), tem, neste romance, uma oportunidade ímpar de embarcar numa história ficcional muito bem engendrada, enformada por verídicos e excitantes episódios históricos.”
~ Luís Miguel Almeida [texto completo]
“Mais do que um romance, A Escrava Açoriana é um retrato histórico do País de finais do século XIX e inícios do século XX. A conjuntura política, cultural, económica e, sobretudo, social em Portugal — particularmente nos Açores, mas também no Brasil — é aqui apresentada de forma, ao mesmo tempo, rigorosa e despretensiosa. Temas como a emigração ilegal, a escravatura, a prostituição e a emancipação da mulher emergem numa história verosímil e cativante.”
~ José Ribeiro
“Apreciei muito as referências a Arruda Furtado, que acabou escorraçado da sua terra conservadora de mais para as suas ideias inovadoras e progressistas, e a Alice Moderno e a Maria Evelina de Sousa, duas feministas cuja vida e obra, apesar de alguns estudos já efetuados, ainda precisam de ser mais investigadas e divulgadas.
Um romance fabuloso e um autor que merece ser lido.”
~ Teófilo Braga
