
No tempo de Homero a raça humana já era decadente: “hoje a terra só alimenta homens perversos e atrofiados”. Continuamos a não admitir que o estado de espírito da nação está abalado. Cabeças baixas na rua, ineficiência nos postos de trabalho, arrogância nos serviços públicos e desmotivação dos mercados. O queixume é a defesa mais usada. Se não há nada que possa ser usado na lástima, estranha-se. Ou inventa-se. Perguntar se “está tudo bem” raramente obtém a resposta do não-podia-estar-melhor.
Mas não são os mercados que destroem a motivação, as economias não afocinham sozinhas, e os países nunca devassam os ratings no solipsismo: são as pessoas. Os mercados, a economia e os países são feitos de pessoas. Se o mal engoda o pérfido, e se o bom atrai o ainda melhor, por que se mantém a carranca? Que se mostrem os sorrisos. Daremos de beber a quem ainda vê sumo num limão podre e seco, a quem acha que este palheiro tem muitas agulhas para encontrar. Há sempre coisas boas a acontecer, nem que seja concluir isso mesmo.
in Jornal Fazendo, n.º 93, junho de 2014
“Não te queixes nem te lamentes da tua vida. Não te consideres infeliz. Deus plantou em ti a felicidade interior e confiou na tua capacidade de mudar e transformar a tua vida. Trabalha o que tens de mudar, pois para isso nasceste.” (Dr. Carlos Carvalho)
Acabo por constatar isso, mesmo no texto. Acaba por ser uma sátira para a maioria dos cabisbaixos que agora vemos por este país fora. 🙂